O marido viajou e o amigo do trabalho deu em cima | Do Amor #15
Cansada de ficar sozinha, pegou o celular na cômoda. Chegou do trabalho com o corpo exausto, mas muito sensível das vontades dos últimos dias. Ainda parada no trânsito, na volta para casa, roçava as coxas uma na outra por debaixo da saia lápis. As duas mãos agarradas ao volante e a boca cheia de saliva.
Era uma semana cheia de calores e coincidências. O marido estava viajando há semanas e, no escritório, passou a ganhar investidas mais constantes e interessantes de um cara do RH. Passou a ficar mais suscetível com os galanteios dele, gradativamente se abrindo mais nos e-mails que trocavam para bater-papo durante o dia. Eram umas tais conversazinhas com elogios recíprocos, perguntinhas sobre interesses, aventuras de quando eram solteiros, coisas que ainda não tinham feito. Nesse cavaco, ele jogava verdes, demonstrava intenções. Era um rapaz bonito de voz gostosa e ela se sentia bastante agradada com as falas certeiras.
Era um bem-estar bem apetitoso. Só que chegava em casa e recebia silêncio. Começou, com o passar dos dias, a querer corpo, a ambicionar a carne. Tinha que se resolver.
Naquele fim de tarde, ao chegar em casa, saiu dos saltos e ficou alisando os pés no tapete felpudo, presente da mãe para o apartamento novo. Tomou um copo de água na cozinha, o gelado do chão, o gelado do copo, o gelado da água. Estava toda quente ela. Olhava a mesa e as cadeiras mas sua atenção estava em relembrar os joguinhos com o moço do RH, as palavras que ela lia e automaticamente se arrepiava. Estava por demais receptiva a inspirações, sugestões, convites.
Subiu para o quarto e ligou a TV. Deixou o aparelho no mudo, arrancou a blusa, o sutiã e se deitou. Cansada como estava, tentou deixar o corpo relaxar, mas contraía as pernas quase que involuntariamente. Mas ela queria gozar com alguém. Esticou o braço e alcançou o telefone. Destravou o sistema, entrou na agenda e discou. Uma voz saborosa invadiu seu ouvido.
Se cumprimentaram, ela esticou todos os membros do corpo da cama a procura de mais ar, perguntou se ele estava ocupado e recebeu carta branca para falar. "O que você quer fazer comigo?". Fechou os olhos e deixou o ar sair em forma de suspiro pela boca. Sabia que ele entenderia seu desejo. Rapidamente ele se ajeitou e começou a descrever. A mordida na nuca que ele já sabia ser o ponto fraco dela a deixou particularmente interessada. Continuou contando e colocando minúcias no assunto enquanto ela ouvia atentamente enquanto deslizava as pernas pelo lençol. "Você gosta assim, não é?", ele afirmou com uma quase empáfia de quem estudou direitinho as taras dela. E isso era delicioso, esse tipo de atenção obtida, esse espaço livre para pedir e ser atendida. E ela necessitava demais. "Eu gosto assim. Tira. Tira e deixa eu te ouvir". Brincaram uns bons minutos e ela gozou. A quietude do quarto, o telefone sem transmitir sons. "Eu preciso ir agora. Acho que preciso de um banho". A voz dela parecia bem satisfeita.
Depois da longa ducha, jantou e deitou-se no sofá da sala. Olhou de novo para o aparelho celular e ligou para outro número. "Alô? Oi, sou eu. É, eu sumi mesmo, estava um pouco ocupada agora pouco. Escuta, vamos deixar a nossa cerveja para outro dia? Sim, claro, eu estava bem afim mas... bem, nos falamos melhor amanhã. Eu passo lá na sua sala. Pode deixar. Um beijo".
Na caixa de mensagens, um SMS do seu marido tocou com som de alerta: "Ei, amor! Eu adorei o que a gente fez hoje. Estou morrendo de saudades, minha coisinha. Na sexta eu já devo estar em casa e vamos fazer tudo aquilo juntos. Te amo."
Ela mandou uma carinha que mandava beijinhos de coração e colocou uma série para assistir.
O amor.