O copo quebrado
Dia desses eu tava com um amigo, depois do almoço, tomando café na casa dele.
Era um desses intervalos entre trabalhos em, que a gente para pra falar de... bem... trabalho.
Eu, sentado no banco, xícara fumegando na frente do rosto, enquanto ele lavava a louça na pia. Tudo muito bom e tudo mioto bem.
Pratos com sabão, café na garganta, conversa em dia. Cataploft.
A onomatopeia deveria ser para o copo quebrado, mas pensei ser mais interessante que o som fosse da dignidade dele caindo. Ao levar o objeto para o secador de louças, acabou batendo e quebrando o vidro. Era um secador novo, que fique claro, e ele ainda estava se adaptando ao novo formato e tamanho. Mas, mesmo assim, lá estava ele com a boca do frasco na mão enquanto todo o resto estava espalhado pela pia.
Ele olhou fracassado para mim. Eu olhei com uma penúria levemente sádica para ele. Acontece. Mas não deixa de ser engraçadinho.
Cacos recolhidos, vida que segue.
Mas fiquei imaginando se ele tinha, por um segundo, pensando que poderia ao menos ter quebrado o copo antes de lavá-lo.
Pouparia um tempo, né?