Quase lá
Era só questão de aguardar o momento certo. O apagar das luzes, os barulhos vindos dos trailers na tela, a distração coletiva. Tudo pronto para que ele pudesse, enfim, tentar. Quieto no dia a dia, tinha na cabeça que seria uma boa surpresa se mostrasse suas vontades assim, quase em público, evidência de desejos maiores que ele experimentaria se fosse espertinho e fizesse tudo do jeito certo.
Pelo menos foi o que seus amigos de classe lhe disseram.
Respirou fundo e botou a mão na perna dela. Esperou uns segundos e não sentiu um empurrão ou ouviu bronca alguma dela. Virou a cabeça com intuito de encará-la, mas tudo o que conseguiu ver foi os olhinhos dela brilhando com o reflexo da película e um sorriso de quem acertou.
Estava quase lá. Sentiu a musculatura da coxa dela mais solta e percebeu seu movimento. Estava quase lá.
Bastava subir mais um pouco por debaixo do tecido gelado da saia. Quase lá.
Mas não teve coragem.