Ela ficava com os dois, mas só podia ir na festa com um | Do Amor #83

Livre, leve e solta. Estava brincando de colecionar caras novos para sair e a experiência não estava das mais ruins. Conhecera dois garotos nas últimas semanas e estava achando ambos bem gostosos. Tinham bons papos, coincidentemente os dois fotografavam. Um ostentava vasta barba e, o outro, só um bigode e, cada um a sua maneira, eram bons de cama.

Tinha até um terceiro cara na jogada, estava meio que dando em cima, mas ainda não o tinha dentro do time. Não precisava de pressa, né. O que necessitaria, caso abrangesse mais um em seu cotidiano, era de mais tempo.

Naquela sexta, chegou do trabalho maluca por um banho e sedenta por companhia. Mandou umas mensagens e rumou para o chuveiro. Quando voltou, já quentinha da ducha, dois dos amigos tinham enviado convites. O terceiro cara estava em um encontro com pessoas da época de faculdade e ela achou que não seria a melhor das opções. mais interessante seria deixar para vê-lo num momento mais atencioso, menos distraído na turma de colegas. Um dos dois que ela já estava pegando a chamou para uma festa. Ele tinha sido convidado para um festejo da firma do amigo, onde teria bebida de graça e uns comes. Parecia ótima a ideia, já que ele também não conhecia muita gente e teria mais disponibilidade para ela. Fechou com o moço de barba e começou a se arrumar.

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Botou um vestido com meia-calça. Tirou. Se enfiou numa jaqueta jeans e também achou que não colou. Salto, saia de couro e uma blusinha. Agradou-se com o que viu no espelho e seguiu com maquiagem, umas pulseiras, um par de brincos grandes e dourados. Enquanto pegava o elevador do prédio, mais mensagens chegando. O barbudo estava chegando no endereço dela e o outro, o que usava bigode, pipocou perguntando se ela ainda tinha hora livre, que queria vê-la. Ela sorriu e mandou algo dizendo que estava já com outros compromissos, que ele tinha chegado atrasadinho. "Acontece", ele mandou. No carro, conversava com os dois. O barbudão falando enquanto dirigia e o bigodudo mandando mensagens, dizendo que estava tranquilo, que poderiam se ver noutro dia. Desejou a ela uma noite boa, aspiração que ela retribuiu e, curiosa, perguntou onde ele estava indo. O barbado perguntou se estava tudo bem, se ela precisava de algo com as mensagens e ela disse que tudo estava ótimo, que ela estava conversando justamente com um amigo que tinha convidado para sair também. "Mas você chegou primeiro", comentou enquanto se inclinava no banco do passageiro para acoplar seu narizinho no pescoço dele. Estava cheiroso. 

Seguindo para a festa, recebeu a notícia de que o amigo sem pelos no queixo estava indo para uma celebração do trabalho dele, que ia ser uma noite legal. Ela comemorou dizendo que estava feliz por ele, que queria ver as fotos depois. Ele garantiu que as enviaria. "Olha só, nós dois, separados, indo para festas de profissionais". Comentou com a companhia que dirigia que o outro estava também despencando para algum tipo de cerimônia e o cara de barba comentou que era algo bem parecido que eles iriam. 

De repente, ela se viu mexendo as orelhas como cachorro que fareja algo que parece ser importante. "Mas escuta", ela mandou para o celular do outro, "é festa de fotografia essa que você vai?". Fez a mesma pergunta para o seu date do dia. Ambos responderam que sim. "Onde é que é mesmo que a gente tá indo?". Mandou questionamento parecido no WhatsApp e, quase que simultaneamente, recebeu o mesmo endereço dos dois.

O amor é uma sinuca de bico. 

Jader Pires