A maldição

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Vão dizer que é piada, mas aconteceu de verdade. O que para alguns poderia ser mais um acaso na carreira de ator e atriz, um ravéz, aquele tapa da vida que te faz ficar um tempo na lona para depois se levantar seria, olhando mais de perto, com mais cuidado e sabendo as peças desse quebra-cabeças macabro, vão saber que se trata não de infortúnio, mas de uma maldição arquitetada e com completo êxito.

Vai vendo.

Nos corredores da Rede Globo ainda tem quem confirme, mas a maioria tem receio de tocar no assunto com medo, claro, de represálias e vingança. Quem acompanhou de perto o esconjuro morre de medo. Você também morreria.

O fato é que desde a virada do milênio tudo parecia conspirar a favor da ascenção e sucesso do jovem Sérgio Hondjakoff. Porra, Malhação, 2000, de irmão bobo do meio a personagem central para a trama do ano e da próxima, o alívio cômico, mas importante para o contexto das temporadas seguintes. Carisma, topete e brinquinho compunham a figura do garoto nascido em Nova Iorque, nos Estados Unidos, mas brasileiro de tudo, do sotaque carioca ao jeitinho malando e infante que lhe rendeu destaque e fama, uma oportunidade de ouro para seguir dentro da emissora dos Marinho e chegar lá. No topo.

O Cabeção da Malhação. Não gavia nessas terras tupiniquins quem não conhecesse e se engraçasse com o garoto e seu brilho, as artimanhas do adolescente em busca da boa vida, dos sossegos que essa fase da vida pode oferecer. Era uma sensação. O Cabeção da Malhação, aquele que veio para tomar o lugar do consagrado Mocotó, aquele que figurou por sete anos no folhetim vespertino. “Que honra”, alguns diriam. O que mais um ator poderia querer? Era dalí para o estrelato completo, novela, protagonista, galã, cinema Selton Mello, carreira internacional no pique Rodrigo Santoro, na pegada Wagner Moura. Quem poderia parar o Cabeção?

Mas, em 2002, bem no meio do que foi seu momento incrível, apareceu na vida do pequeno Sérgio Hondjakoff, o tratado do mal que levaria tudo o que ele conquistou. Naquele ano, o Cabeção, sem família, levaria os dias com seu “melhor amigo” (botem quantas aspas quiserem), o Maumau, o Cauã, o que levaria metade de seu talento embora, que em uma danação em forma da mais traiçoeira mandinga, botou mau agouro no colega de trabalho em ascenção e puxou pra si, no melhor estilo Space Jam, o talento do Serginho. Pode ver que, hoje, quem é das celebridades com maior talento, beleza, deliciozidade e credibilidade aqui no Brasil? Isso não foi muito trabalho, não foi sorte. O gostosão Cauã deliberadamente tramou, tipo Michel Temer, contra a coroação do Cabeção e conseguiu o que queria. Roubou-lhe todo o talento. Mas ele não faria isso sem ajuda. De 2003 a 2005, quem completaria a feitiçaria e levaria do nosso Cabeção a eterna jovialidade foi a descendente de japoneses Daniele Suzuki, sim, aquela japinha que diz ter quase quarenta, mas sempre parece ter dezoito. Linda. Ela levou, no completar do encanto, tudo o que o Cabeção tinha de garoto, de moleque, de menino.

A cada abraço do “amigo”, a cada beijo da “namoradinha” e tudo ia se esvaindo de um para os outros. Bruxaria. E sobrou o que vemos hoje. Dizem que ameaças foram feitas contra quem vazasse. Hoje o silêncio incomoda nos interiores dos estúdios da rede Globo.

Pobre cabeção. E daqui, só o conselho: cuidado com seus amigos gatos. Cuidado com suas amigas japonesas. Essa gente destrói pessoas.

Só dizendo.

Jader Pires