O azarado?
Como poderia dar errado? Organizou todo seu dia, pedacinho por pedacinho, com a meticulosidade de um joalheiro.
Dormiu competente e se levantou no horário combinado.
E o cara que regularia sua Internet não veio, as más notícias do dinheiro da família vieram por Whatsapp antes mesmo de o braço direito começar a reclamar do músculo inflamado na cabeça do ombro.
E o resfriado piorou.
O dia seguiu impreciso e errôneo. Passou mal na rua, acometido pelo combo de febre e sol. Comeu sem sentir o gosto das coisas que mastigava, perdeu um encontro, faltou num curso, pisou na merda e um pombo cagou certinho em cima do ombro irritado.
Quando se deitou, só pra ver se o dia passava mais rápido, o alarme do carro estacionado em frente ao seu prédio disparou sem ninguém para desligá-lo na próxima meia hora. O trabalho todo acumulado...
Justo ele, que tinha tudo acertado, viu tudo dar errado.
"Faltou combinar com o resto do mundo?", pensou.
Amanhã é outro dia.