Os colecionadores

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Eu tenho um amigo que coleciona Lolita, o livro. Ele tem várias edições do clássico de 1955, uma obra multicultural escrita por um russo em inglês para ser publicado em Paris, na França pós-guerra. Publicações nacionais de diversas editoras e versões publicadas em outros países, até uma impressão japonesa que não se entende nada daqueles pauzinhos riscados de cima para baixo que se lê da direita para a esquerda.

Fazer o quê, ele adora o livro, a problematização da controversa história e a importância de que obras assim permaneçam sendo discutidas para que entendamos, cada vez mais e sempre, a nossa própria humanidade. Para o bem e para o mal. Ele deve ter mais de setenta reproduções de Lolita em casa.

Preferências.

Eu tenho um amigo que gosta de colecionar amigos chamados Tiago. Sem H. Ele tem um primo chamado Tiago e, na escola, ficou amigo de mais um que também não tinha a letra muda no nome. Mantém até hoje uma amizade gostosa e próxima com os dois. Quando trabalhou em uma redação grande de portal na Internet, conheceu um outro Tiago sem H, gente boníssima, um encanto de amigo. Passaram a sair juntos constantemente.

Fazer o quê, acaba sendo coincidência conhecer pessoas com o mesmo nome que sejam legais. Ajuda a alcunha ter sido escolha da moda lá pro meio da década de 1980, muitos garotos foram chamados por seus pais de Tiago. Ou Thiago, com o H. Mas esses não contam. Hoje meu amigo tem uma gama enorme de amigos chamados Tiago sem H. Quatro.

Escolhas.

Eu gosto de ouvir histórias, colecioná-las e contar algumas aqui. Assim, meio sem pé e nem cabeça, porque não é todo dia que temos uma grande lição a aprender. Quando temos, aproveitamos. Quando não temos, avançamos também.

Possibilidades.

Jader Pires