A gente precisa ser um pouco mais bobo nessa coisa de amor | Do Amor #98
A teoria de tudo. Depois que a Eva deu a maçã pro desavisado Adão e a nudez virou vergonha e a expulsão do Paraíso se tornou iminente e eles tiveram uma puta DR que a gente fica teorizando o amor.
Cristo e Madalena, Romeu e Julieta, Capitu e Bentinho, até o divórcio da sua tia em Itapipoca, o término estranhamente tranquilo da vizinha do vinte e dois, de como o amigo do trabalho deveria ter insistido mais, dado presente, dito que foi só daquela vez.
E a gente vai criando nossas verdades.
E até aqui, e aí é que tá, é super importante de se fazer. precisamos ter conceitos sobre o que nos agrada e desagrada nos relacionamentos amorosos. Onde dói, como dói, se dá pra tentar colocar um pouquinho mais. Se cabem duas ou mais pessoas, se a gente chega com os pés na porta ou vai comendo pelas beiradas, se o "doce" nos atrai ou as conversas mais abertas possíveis, se a gente tem apego em demasia, fantasia demais, se a nossa insegurança faz da gente verdadeiros chatos de galocha.
"Tem que ignorar que ele volta", daí começam a te dizer. "Não pode mostrar que se importa, que elas pisam mesmo", vão te sussurrar. E como num passe de mágica, sem querer querendo, sem nem perceber, a gente começa a ser esses que falam. Que dão conselhos. Que arrematam situações e complicações sentimentais para dar bons e inúteis conselhos. "Não se apaixona, que isso é coisa de trouxa". "Não pode ter expectativa não, desdenha que se voltar já era seu".
Bondade atrás de bondade e asneira atrás de asneira. Esse poderia até ser o resumo das nossas vidas, mas eu tô falando especificamente de como lidamos com o amor.
Do romantismo à descrença. Da delícia de experimentar, de olhos fechados, às análises estatísticas de mapa de calor e desempenho.
Temos teorias de tudo sobre o amor. Já vimos todos os casos de amor e já sabemos todas as derrocadas do amor. E fica chato. rançoso sempre, gordurento sempre. Seboso mesmo, sabe?
E, cá entre nós, eu acho bem que a gente precisa ser um pouco mais bobo nessa coisa de amor. Brincar com esse lindo ato humano de ter fé. Não no amor em si, mas nas vivências do amor, no vai e no vem da conquista, nas babaquices e na doçura do olhar que só uma relação longa dá pra gente. É se jogar mais mesmo, sem saber o fim, feito filme que a gente nem leu a sinopse e, nem na metade, já tá se chorando todo, querendo abraço, pedindo colo. Afinal, quem se atreve a falar o que é o amor? Como acaba o amor?
Vai lá ver, amigo.
Vai lá ser bobo um pouco.
É bem divertido.