Você não consegue fazer alguém feliz | Do Amor #102
Tá lá nos votos, na hora em que achamos ser tudo perfeito. Falamos no momento de pedir alguém em namoro, afirmamos na cabeça quando fazemos alguém gozar. É o poder em nossas mãos, nas nossas partes. O destino de outro ser, diretamente ligado às nossas imediatas ações.
Uma balela sem tamanho.
Não se pode fazer alguém feliz. É algo intrinsecamente ligado ao mundo interno dela, despertado única e exclusivamente pela pessoa em que a felicidade vai brotar, em que a alegria vai tomar conta de si. Então, como poderia, eu, tentar o inexequível?
“Nossa, Jader, então não adianta nada querer agradar quem eu gosto?”.
O contrário, jovem pessoa. Nos faz muito bem proporcionar coisas boas para outras pessoas. A situação se complica é quando buscamos uma conjuntura que não vai existir, frustrando nossas próprias expectativas e atrapalhando o florescimento de quem está do nosso lado. Eu vou explicar isso melhor.
O amor é legal para um caralho! Estar apaixonado por alguém, se importar, colocar o outro como fator para as nossas escolhas = mas não como fim – ter com quem dividir, nos deixar invadir por todas aquelas sensações esquisitas só de perceber a presença da outra pessoa, os suores, as bocas secas, as pernas molengas, as nossas certezas embaralhadas, o arfar que nem cachorrinho. É bom demais, assim como o autoengano no sexo de que temos as melhores performances do mundo inteirinho, que nenhum pau é tão bom quanto o nosso, que nenhum abrir de pernas é tão impressionante quanto o que a gente dá. A gente se deixa afetar pelas coisas do amor e a gente é feliz quando deixa essa enxurrada entrar. E está justamente aqui o ponto. Se permitir para a felicidade e para a alegria.
Nossos esforços vão até a metade do caminho. Dali em diante, é responsabilidade só da pessoa que está para receber os elogios, estímulos, galanteios, apertões e cafunés. E é parte da nossa ajuda saber desse processo, para não forçar, não empurrar tudo para baixo em vez de para frente. Percebe a diferença?
Você não provoca felicidade em alguém. A gente não tem esse poder. O que podemos fazer é facilitar. Proporcionar espaços para que brote! Felicidade genuína. A alegria!
Amar é bem legal. A gente joga as coisas para o alto e espera a pessoa se deixar afetar por esses anseios. Que pegue o que lhe fizer melhor, e não o que achamos melhor. Ter alguém para amar é caminhar junto, abrir espaço para que cada um, individualmente, possa chegar mais à frente. É catapultar o outro, contar que o outro é importante para o que você está fazendo naquele recorte da vida. É querer ver o outro deslanchar. Então a gente abre espaço e coloca a pessoa em ambientes e situações que facilitem o contato dela com a própria felicidade, com o entendimento individual do próprio contentamento.
Não tente fazer alguém feliz. Só crie ambientes propícios para que ela encontre os próprios caminhos. Vai ser bem gostoso.
O amor é tentativa.