O pau dele não subia quando botavam a camisinha | Do Amor #180

Os dedinhos macios dela eram os primeiros a tocar a rola dele depois de sete anos em um relacionamento. Agora, solteiro, se via de novo na pueril situação, espremido no banco de trás do carro com uma garota desconhecida respirando alto demais, excitada demais, escorregando a camisinha até chegar em seus pelos. A traseira do veículo batia, esbravejava que mais parecia jangada em rio bravo enquanto ela subia o resto de saia que protegia suas pernas para montar em cima dele. Só que, lá do alto, sua mão esperta encontrava não o membro em riste que havia deixado segundos antes, mas um pinto disforme, acanhado, com apenas metade do potencial dele. O cara tinha olhos do Saturno de Goya enquanto devorava o próprio filho, abertos demais, suplicando ajuda demais. Ele tentava explicar por meio de balbucios entrecortados que ela era gostosa demais, chacoalhava seu meado entre as coxas dela como se o avisasse "olha só o que você está perdendo, cara, vamos lá!", mas seu companheiro parecia compartilhar da mesma euforia, estilingava preguiçoso nos lábios umedecidos da garota e era só. Ela beijou a boca dele com sua língua grossa, buscando inflá-lo garganta abaixo, bufava seu tesão por entre os dentes dele, faceira e risonha, crente das suas habilidades de deixar um cara com vontade.

Mas vontade ele tinha, faltava-lhe outra coisa. Por isso, abraçaram-se demoradamente no banco traseiro, ela no colo dele, os vidros completamente embaçados. Deixaram o silêncio e a sensatez colaborar para aquele encontro. O recorte até poderia até assentá-los como dois adolescentes, mas eram adultos resolvidos e mais abastados que a molecada que foram um dia. Não tinha porque se enfiarem na traseira de um HB20 branco pra uma rapidinha. Ela arrancou com afeição o preservativo do pau dele, limpou o excesso de líquidos que tinha deixado marcado na barriga dele, o colocou no banco do passageiro e dirigiu até seu apartamento. Subiram quietos mas com as cabeças latejando, adentraram afoitos, cuspindo impropérios por entre as chupadas de beiços, os empurrões de parede a parede, derrubou ela no tapete da sala com um golpe quase que de judô, ela o puxou e, juntos, entraram outra vez no clima de remelexo, ele atirou o salto dela do outro lado do cômodo, mastigou o meio das pernas dela com a calcinha de lado, orgulhoso do quase desconforto dela com as tremedeiras do gozo. A mulher esticou os braços e alcançou, no chão, a bolsa. Tirou de dentro outra camisinha e ordenou que ele a colocasse logo. Num giro, estava novamente em sua confortável posição dominante, cravando as unhas nos ombros dele, seu queixo pressionando a clavícula dele. Mas, outra vez, quando não estava olhando, via o pau duro do seu companheiro ganhar uma forma gelatinosa, esmorecer mesmo, agora, sem apertos ou perigos, somente a luz da rua batendo contra o teto da sala dela, os sons da avenida distantes. Ainda assim, no seu tempo e no seu espaço, lá estava a rola do homem, broxada.

Ela se levantou e acendeu a luz. Tirou a camisinha do pau dele e jogou fora no lixo da cozinha, voltando com duas cervejas. Deram um tempo, conversaram sobre as delícias que já haviam feito, as safadezazinhas que agradavam a mente dela, as fantasias que ele já tinha matado. Ele ficou duro, se esfregou nela e não notou alterações negativas, roçaram-se no sofá, de novo, como dois púberes, a calcinha dela ficando suja dos óleos que saíam da glande, que escapavam da boceta dela. Mas era enfiar a camisinha e ele afinava, serpenteava e diminuía. A garota voltou para a cozinha, descartou o preservativo e voltou com mais duas latas. Falaram sobre a proximidade do fim da data para fazer o Imposto de Renda, ela tirou sarro do time dele ter perdido mais uma vez. Trocaram dicas de trabalho, pelados no chão. Ele elogiou os pelos dela, fez carinhos alguns minutos, ambos escutando o som crespo bem baixo que fazia. Trocaram sorrisos, ela pegou uma mantinha. Ela passou uma hora inteirinha mostrando os discos que andava ouvindo no celular nas últimas semanas, concordaram que era importante ainda se ater ao disco como um todo, da necessidade de um artista dizer algo com a obra inteira e não em pequenos recortes que eram as faixas soltas.

Quando ele se despediu, já tinha passado das cinco. Perguntou se ela queria tomar café da manhã na padaria, mas preferiram encerrar o encontro por ali. Aquele encontro. Marcaram de se ver de novo na mesma semana e transaram três vezes antes mesmo de jantar.

Jader Pires